sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Racismo e Capitalismo periférico

“A mudança econômica é o motor da História.” (Karl Marx)

Eduardo Galeano através das Veias Abertas da América Latina, traz uma proposta reflexiva, o autor acredita que para os que concebem a história como uma contenda, o atraso e a miséria da América Latina não são outra coisa senão o resultado de seu fracasso. Perdemos; outros ganharam. Mas aqueles que ganharam só puderam ganhar porque perdemos: a história do subdesenvolvimento da América Latina integra, como já foi dito, a história do desenvolvimento do capitalismo mundial. Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória dos outros. Nossa riqueza sempre gerou nossa pobreza para nutrir a prosperidade alheia: os impérios e seus beleguins nativos. Na alquimia colonial e neocolonial o ouro se transfigura em sucata, os alimentos em veneno, o capitalismo central pode dar-se ao luxo de criar seus próprios mitos e acreditar neles, mas mitos não se comem, bem sabem os países pobres que constituem o vasto capitalismo periférico. De acordo com Galeano, as classes dominantes não tinham o menor interesse em diversificar as economias internas nem em elevar os níveis técnicos e culturais da população, as regiões hoje em dia mais afetadas pelo subdesenvolvimento e pela pobreza são aquelas que, no passado, tiveram laços mais estreitos com a metrópole e desfrutaram períodos de culminância. São as regiões que foram as maiores produtoras de bens exportados para a Europa ou, posteriormente, para os Estados Unidos, e as mais caudalosas fontes de lucro: regiões abandonadas pela metrópole quando, por qualquer razão, os negócios decaíram. De acordo com Octavio Ianni, os Estados Unidos, tornaram-se a principal nação escravocrata do mundo ocidental, não por sua participação no tráfico de escravos, mas devido à excepcionalmente elevada taxa de crescimento natural da sua população escrava. Em 1825 havia cerca de 1.750.000 escravos no sul dos Estados Unidos. Isto representava mais 36 por cento de todos os escravos do Ocidente, naquele ano. Apesar do seu papel secundário no tráfico atlântico de escravos, os Estados Unidos foram, durante as três décadas que precederam à guerra civil, a maior potência escravocrata do mundo ocidental e o baluarte da resistência à abolição da escravatura. No Brasil, calcula-se em uns 10 milhões o total de negros escravos trazidos da África, desde a conquista do país até a abolição da escravatura: embora não se disponha de uma cifra exata para o século XVIII, é preciso levar em conta que o ciclo do ouro absorvia mão de obra escrava em enormes proporções. A cultura africana e a cultura da escravidão “perdem-se” na cultura do capitalismo. Isto é, na sociedade organizada em termos do trabalho assalariado. Das exigências da produção do lucro e da supremacia do capital monopolista. Os valores e padrões culturais “herdados” ganham outros. O que predomina, à medida que avança o século XX. É a organização capitalista das relações de produção. Pouco a pouco todas as esferas da vida social são determinadas ou recriadas e reproduzidas segundo as exigências das relações político-econômicas do capitalismo. Nesse contexto, o que parecer ser sobrevivência de traço cultural africano ou escravista só tem sentido enquanto elemento cultural inserido nas relações capitalistas presentes. Da mesma forma, não foi por mero acaso que a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República ocorreram com poucos meses de diferença, respectivamente 13 de maio de 1888 e 15 de novembro de 1889. A queda da Monarquia foi o desenlace final do confronto entre a formação social escravista, em franca decadência, e a formação social capitalista, em expansão. Ou melhor, a luta entre aristocracia agrária, de base escravocrata, e a burguesia cafeeira do oeste paulista, na qual vence esta. Era a expressão política dos desajustes e antagonismos entre as duas formações sociais: desajustes e angonismos expressos nas divergências e lutas entre duas facções políticas e econômicas diversas da camada dominante. Nesse caudaloso caldeirão histórico torna-se inegável a existência da grande lei de Marx, e da luta de classes por seus interesses. 

Por Laila Cristina

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